18 janeiro 2013

Diário do Alentejo entrevista Presidente António Tereno

Presidente do Amarelejense elogia jogadores com amor à camisola: Um exemplo “de puro amadorismo”




Com mais de 70 anos de história, o Grupo Desportivo Amarelejense tem um percurso com altos e baixos, comum a muitos outros clubes, mas esteve em evidência quando recusou competir numa 2.ª divisão com seis clubes, inviabilizando a disputa de um campeonato a quatro voltas.

Texto e foto Firmino Paixão

António Tereno, 49 anos, ex-militar, é presidente do clube há três anos e assumiu a 1.ª divisão como opção consciente. O melhor para o seu clube, numa terra populosa (2 564 habitantes), mas onde a falta de apoio ao associativismo impede um efetivo trabalho de formação junto dos jovens. Conheçamos, pois, um pouco mais deste emblema, cujo líder deixa o desafio aos seus conterrâneos para que “se envolvam e acarinhem o clube e que estejam disponíveis para no próximo ato eleitoral de julho darem continuidade ao que foi feito nos últimos três anos”.

Como avalia a participação do Amarelejense neste campeonato?

Posso dizer-lhe que os resultados têm superado as expectativas. Aqui reina o puro amadorismo, esta gente trabalha com gosto pela camisola, defendem-na de forma brilhante dentro do campo e sem outras contrapartidas que não sejam um petisco aqui ou acolá. Quando aceitámos o convite para disputar a 1.ª divisão tivemos consciência que as dificuldades seriam imensas.

Valeu a pena terem tomado essa decisão?

Com o número de equipas que estava previsto para a 2.ª divisão distrital, a qualidade do futebol nesse escalão, que nós, no fundo, também alimentávamos participando nela, os custos inerentes e o facto de as equipas se encontrarem demasiadas vezes, não faria qualquer sentido esse campeonato. Não era uma forma de defender o futebol deste distrito. Defendemos outro escalonamento, que seria a participação conjunta de todos os que quisessem competir, mas houve quem entendesse que essa não era a melhor solução. Posteriormente fomos convidados a assumir a 1.ª divisão, aceitámos e tomámos a melhor decisão.

O plantel tem mostrado alguma qualidade competitiva…

Quisemos melhorar a qualidade do plantel, mas não tivemos forma de cativar jogadores. O Barrancos fechou a porta e vimos ali uma solução para melhorarmos o nosso plantel, fomos lá e voltámos com uma mão cheia de nada. As pessoas continuam a desconfiar que esta forma de encarar o futebol já não existe. Somos, certamente, a exceção na 1.ª divisão distrital, na forma como os atletas atuam, a troco de nada.

Que objetivos perseguem?

As nossas metas eram, tão simplesmente, dignificarmos ao máximo, e em cada jogo, o nome do clube. Com as perdas que temos e a qualidade que possuímos praticando o melhor futebol possível, com a consciência de que, independentemente do número de equipas que vier a descer no final da época, o papel dos atletas ficará sempre preservado e a nossa prestação como dirigentes também, pois não enganámos ninguém no início da época.

A comunidade local revê-se neste trabalho e apoia a equipa?

Os amarelejenses têm a experiência de um passado, mais ou menos recente, em que o Amarelejense andou nos patamares cimeiros, bem colocado na primeira divisão e com muito bom futebol. A comunidade ainda recorda que no final de uma época brilhante o Amarelejense fechou a porta. Tenho a certeza de que os sócios e simpatizantes que acompanham o clube querem que ele continue em atividade na época 2013/2014, por isso preferem que o clube dê os passos à medida da perna e não viva acima das possibilidades, como fazem outros clubes.

A situação geográfica acentua as dificuldades financeiras?

Chegámos à conclusão de que seria mais cara a participação num campeonato na 2.ª divisão a quatro voltas, do que disputar a 1.ª divisão distrital, com o maior prestígio que isso implica para o clube, atletas e associados. Mas não vimos agravadas as nossas despesas com a disputa deste campeonato. O grande suporte de apoio ao Amarelejense, a verdade terá que ser dita e na minha boca ela andará sempre na linha da frente, é o município de Moura.

Que trabalho faz o Amarelejense nos escalões de formação?

Durante estes três anos na presidência do clube essa questão preocupou-me sempre e a prova é que, no segundo ano, eu próprio estive à frente da equipa de benjamins. A Amareleja, em termos de natalidade, contraria um pouco, e pela positiva, aquilo que é a média nacional. Não nos faltam jovens, mas temos dificuldade no seu enquadramento pelos adultos, com mais ou menos formação, mas que sejam responsáveis e queiram dar um pequeno contributo ao clube. Temos apenas equipas de infantis e de iniciados, não conseguimos arranjar quem queira dar uma mão ao clube de forma graciosa.

O clube tem excelentes instalações…

Por vezes dou comigo quase a querer certificar-me de que isto é nosso. Parece que foi por engano que este espaço foi criado em Amareleja. E digo isto, porque, em quase 40 anos após a revolução, muito mais poderia ter sido feito nesta terra. As nossas instalações fazem inveja a muitos outros clubes, por isso nós tentamos preservá-las da melhor forma.

3 comentários:

Anónimo disse...

Então mas o Campo de Futebol não é do GDA?

Pres. Direção disse...

Moralmente e por questões históricas o Campo de Futebol das Cancelinhas é do GDAmarelejense!!, pelo empenho e dedicação dos Dirigentes pós-inauguração do sintético em defesa e preservação daquele espaço, mais ainda.
Devido aos lobbies politicos e dependência financeira, paralelamente à falta de mobilização dos sócios para reivindicarem o que efectivamente é pertença do Clube, "teremos" que continuar a conviver com a actual...dura realidade.

Presidente da Assembleia Geral disse...

Na qualidade de Presidente da Assembleia Geral sensibilizo "todos" os associados em geral e em particular aqueles que têm ainda alguém por quem demonstrar os seus valores, para que, no próximo dia 10 de Julho, se submetam, inseridos numa lista, à eleição como novos corpos sociais deste Clube, dando continuidade ao trabalho, excelente para os realistas, nem tanto para os sépticos, realizado nestes últimos anos pelos actuais dirigentes.